Amor é privilégio de maduros
estendido na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o ceu do corpo.
É isto, o amor: o ganho nao previsto,
o premio subterraneo e coruscante,
leitura de relampago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe.
Valendo a pena e o preço do terrestre,
salvo o minutos de ouro no relogio
minusculo, vibrando no crepusculo.
Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciencia
herdada, ouvida. Amor começa tarde.
Carlos Drummond de Andrade
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